A Poesia é meu ar...
Eu a uso para narrar o que vivo e questionar a vida, e para alumbrar almas.
Para mim a poesia se apresentou de muitas maneiras. Na infância era assombro,
arrepios ao ouvir minha avó recitar “O corvo”. Ela trazia o fantasmagórico
atado ao ombro, quando dizia versos de Camões e de Allan Poe. Havia o lado
menos assustador, terno e humano, um tsunami de encanto ao ouvir a voz do meu
pai em poemas de Gonçalves Dias e Vicente de Carvalho. Não me vi poeta pela
vida, estes poemas da infância distraíram meu destino. Nunca me imaginei
escrevendo um épico como Camões e Castro Alves. Quando a Poesia veio ao meu
encontro eu já contava com mais de trinta e cinco anos, e desde então, ela
segue ao meu lado. A Poesia é uma amante exigente, e traz mais sacrifícios que
glória aos que decidem viver a Poesia dia a dia. Aqui eu falo da vida de Poeta.
A pergunta é o que é Poesia? Alguém saberá definir o indefinível? É como
explicar Deus. Alguns poemas não são Poesia. Ela traz dentro de si uma espécie
de elemento que sacode a alma. Sem alterar o interior é apenas verso, quando
remexe a alma em encanto, dor ou alumbramento – É Poesia. Muita Poesia vive
fora das linhas. Esta capacidade de enredar o Belo dentro das palavras – É o
ofício dos Poetas do Mundo, que vivem em Poesia, sempre.
Bárbara Lia – poeta e romancista (Curitiba, PR).